segunda-feira, 12 de novembro de 2018

As Mentiras de Locke Lamora

Titulo Original:The Lies of Locke Lamora
Autor:Scott Lynch
Editora: Saída de Emergência 

Sinopse: Diz-se que o Espinho de Camorr é um espadachim imbatível, um ladrão mestre, um amigo dos pobres, um fantasma que atravessa paredes. De constituição franzina e quase incapaz de pegar numa espada, Locke Lamora é, para mal dos seus pecados, o afamado Espinho.
As suas melhores armas são a inteligência e manha à sua disposição. E embora seja verdade que Locke roube dos ricos (quem mais vale a pena roubar?), os pobres nunca vêem um tostão. Todos os ganhos destinam-se apenas a ele e ao seu bando de ladrões: os Cavalheiros Bastardos. 
O submundo caprichoso e colorido da antiga cidade de Camorr é o único lar que o bando conhece. Mas tudo vai mudar: uma guerra clandestina ameaça destruir a própria cidade e os jovens são lançados num jogo de assassinos e traidores onde terão de lutar desesperadamente pelas suas vidas. Será que, desta vez, as mentiras de Locke Lamora serão suficientes?


Crítica:  Este livro junta Ocean's Eleven a fantasia medieval em algo que se assemelha à época renascentista. O que significa que este livro é uma leitura obrigatória para qualquer fã de fantasia. Primeiro porque a escrita é algo sublime, depois porque os personagens são fantásticos e com uma caracterização muito peculiar e a construção do mundo é algo que nos fascina imenso. 
O mundo de Locke Lamora tem um passado que não nos é explicado mas que parece ser algo muito muito atractivo, e as pequenas pistas que o Scott deixa espalhado pelos seus trabalhos abre-nos o apetite para aprender muito mais acerca deste mundo. Quando começamos a ler o livro estamos na cidade de Camorr e somos introduzidos a um jovem Locke Lamora que aprende que o mundo do crime em que ele está inserido tem regras específicas, sendo a principal não atacar a nobreza. Isto é algo díficil para o jovem de 9 anos, cujos golpes são extremamente eficazes e que deixam o chefe do seu gangue com problemas perante o chefe do crime da cidade. Daí o pequeno Locke tem de ser vendido a outro chefe do gangue ou ser assassinado, conforme ordem do líder criminal da cidade.

A história divide-se em duas linhas temporais distintas, uma em que o Locke é um miúdo e outra em que já é chefe do seu bando. Como chefe do seu bando, ele infringe a regra essencial de Camorr e ataca os nobres da cidade, conseguindo uma pequena fortuna para o seu bando. Recebe a alcunha do Espinho de Camorr, que toda a gente pensa que é um mito urbano. Os nobres nunca dizem que foram roubados, e os ladrões acham que ninguém se atraveria a roubar a nobreza, indo contra as ordens do líder do crime de Camorr. 

Toda a narrativa prende-se com golpes e esquemas para roubar os nobres, enganar os ladrões de outros gangues e proteger o gangue Cavalheiros Bastardos, que para Locke são como família.
Os outros personagens da história são igualmente fascinantes, passando por um jovem que é feio e gordo, mas com uma capacidade com a espada fenomenal. Dois gémeos brincalhões, que se conseguem disfarçar de todas as formas e um pequeno aprendiz que tenta aprender o máximo que pode.

As coisas complicam-se durante o desenrolar do livro, devido à introdução dum antagonista que consegue antever todos os passos de Locke e dos Cavalheiros Bastardos, e que pretende usá-los para transformar a organização criminal da cidade.

Muito mais se poderia dizer acerca do livro, mas iria tirar o deslumbre de ler esta colecção.

domingo, 22 de julho de 2018

O filho dourado

O Filho DouradoO Filho Dourado by Pierce Brown
My rating: 5 of 5 stars

Este livro é fenomenal!

Para quem gosta de ser prendido às páginas de um livro devido a uma acção intensa, com personagens bem desenhadas este é o livro certo.

Se no primeiro livro eu referi que este livro usava elementos de Jogos da Fome e tornava-o mais adulto e mais adaptado a adultos. Neste livro passamos a ter um jogo completamente diferente, o cenário passa a ser muito mais de ficção científica, com lutas em naves espaciais e muito mais.

As personagens são algo excepcional. O Darrow tem um presença carismática, estando extremamente bem desenhado com uma capacidade de nos fazer sentir por ele. O Chacal continua a ser um cretino, mas a nível de vilão é excelente, com uma ótima visão de jogo e com uma dinâmica que nos faz adorar odiá-lo.

Acho que dizer mais que isto estragará a "viagem".

O final do livro não é muito agradável para quem sofre do coração!

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Age of war

Age of War (The Legends of the First Empire #3)Age of War by Michael J. Sullivan
My rating: 2 of 5 stars

Usually I'm a fan of Michael's work.

I started with Ryria and went on and on until there were no more books written by him. There really good books and good books. But this is the first time I felt disappointment reading a book by Michael.

In this series we know how things will eventually play out, but there's a lot of unknown as well. The first 2 books were fairly good, and in my opinion the second one was the best one yet.

My problem with this book is that it seems the author stopped altogether the character development. They feel too two dimensional with no real depth and I believe it's hard to connect to them, which is weird since in the first two books, this wasn't an issue.

The "big bad guy" still feels too forced, it doesn't translate into a realistic character. I get that for him he is the hero of is own story and I'm ok with that, but there's something lacking in the character ever since the beginning of the series.

Then there's the romantic entanglements that were developed in this book. I just cringed throughout the Brin one... Once again not because I disagree with the choices made by the author but because the way it was written seems too shallow.

In terms of storyline I feel there was a lot of the book where we get useless infodump, which clutters the book and don't develop the story at all. Honestly this felt a lot like half a book.

There were a few storylines that seemed to appear out of nowhere, but they were fairly well explored which turned out to be the redeeming point of the book.

I hope the rest of the series improve greatly.

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sexta-feira, 13 de julho de 2018

Alvorada Vermelha

Titulo Original:Red Rising
Autor:Pierce Brown
Editora: Presença
Sinopse: Alvorada Vermelha é o primeiro volume de uma trilogia que tem tudo para conquistar a legião de fãs de Os Jogos da Fome.
Passa-se numa altura em que a humanidade começou a colonizar outros planetas, como Marte. Darrow é um jovem de 19 anos que pertence à casta mais baixa da Sociedade, os Vermelhos, uma comunidade que vive e trabalha no subsolo marciano com a missão de preparar a superfície do planeta para que futuras gerações de humanos possam lá viver. No entanto, em breve Darrow irá descobrir que ele e os seus companheiros foram enganados pelas castas superiores. Inspirado pelo desejo de justiça, Darrow irá sacrificar tudo para se infiltrar na casta dos Dourados… e aniquilá-los!
Vingança, guerra e luta pelo poder num romance de estreia empolgante.

Crítica: Quando comecei a ler este livro, demorei dez páginas a perceber que este seria o melhor livro que leria este ano (era Abril)... A razão para isso? Bem, o livro está muito bem escrito e estruturado. As personagens fazem sentido, tem uma acção feroz e o worldbuilding é algo de extraordinário.

Esqueçam a sinopse.

A sério... Ler a sinopse deste livro é para se ficar a pensar que é um livro para adolescentes, coisa que não podia estar longe da realidade... Sim, isto tem elementos de Jogos da Fome, mas como costumo dizer o autor pega no melhor que os Jogos da Fome têm e faz ainda melhor.

Somos apresentados a uma sociedade que se divide por cores, conforme as suas funções. Vermelho é o mais baixo dos níveis sociais cuja função é trabalho manual e arriscado, e dourado o mais elevado nível social, que são os líderes da sociedade. Supostamente isto não pode ser alterado e está codificado a nível genético. A personagem principal é Darrow, um jovem Vermelho que é nascido e criado em Marte. Mesmo dentro dos Vermelhos, existe uma separação em equipas, levando a uma forte competição entre Vermelhos.

Á medida em que a história avança, vamos sendo transportados para diferentes locais, em que nos é dado a conhecer o resto da sociedade. E é aqui que o livro brilha, mostrando-nos uma sociedade altamente avançada e corrupta que segue os ideais romanos. Existem forças de resistência que lutam contra o governo. Os jovens dourados têm uma educação violenta para se tornarem líderes.

As forças políticas em jogo no universo de Pierce Brown fazem lembrar Guerra dos Tronos. Recheado de traição, manobras militares e crime, este livro é algo que não nos deixa respirar até terminar de o ler.

Tenho perfeita noção que acabei de dizer que é parecido a dois livros altamente aclamados. Mas na realidade também tem elementos de Ender e de Avatar. Ou seja, este livro retira de livros do género fantástico e de ficção científica e faz um trabalho fenomenal em criar uma obra que honra todos os titulos de que falei.

Na realidade creio que a versão resumida é Jogos da Fome para os fãs que cresceram.

Aqui em Portugal, este livro passou completamente ao lado! Nem me apercebi que tinha saído e quando o procurei nas livrarias não havia em lado nenhum. Comprei os dois exemplares a um alfarrabista e estou com muita esperança que a editora publique o terceiro porque o cliffhanger do segundo livro dá ataque cardíaco a quem sofre do coração.


sábado, 7 de julho de 2018

Herói das Eras

Titulo Original:Hero of the Ages
Autor:Brandon Sanderson
Editora: Saída de Emergência
Sinopse:Para pôr fim ao Império Final e restaurar a harmonia e a liberdade, Vin matou o Senhor Soberano. Mas, infelizmente, isso não significou que o equilíbrio fosse restituído às terras de Luthadel. A sombra simplesmente tomou outras formas, e a Humanidade parece amaldiçoada para sempre.
O poder divino escondido no mítico Poço da Ascensão foi libertado após Elend e Vin terem sido ludibriados. As correntes que aprisionavam essa força destrutiva foram quebradas e as brumas, agora mais do que nunca, envolvem o mundo, assassinando pessoas na escuridão. Cinzas caem constantemente do céu e terramotos brutais abalam o mundo. O espírito maléfico libertado infiltra-se subtilmente no exército do Imperador Elend e os seus oponentes. Cabe à alomante Vin e a Elend descobrir uma forma de o destruir e assim salvar o mundo. Que escolhas irão ser ambos forçados a tomar para sobreviver?
Crítica: Neste livro somos confrontados com o fim do mundo, tanto de forma figurativa como literal. Depois dos eventos do segundo livro da trilogia, Elend, Vin e Sazed passam por uma mudança de personalidade. Além disso, o mundo deles está cada vez mais próximo do fim, em que apenas o herói das eras os poderá salvar.
A primeira vez que li este livro não consegui parar (aliás eu li a trilogia toda seguida como se precisasse disso para viver). A realidade é que Sanderson faz neste livro algo que fez no resto da série, vai aumentando de forma gradual o suspense de forma a não conseguirmos parar de ler até ao fim. É surreal!

Primeira coisa que nos salta à vista é Elend. Depois de ter ido ao Poço da Ascensão ele muda, muito para além de ser Mistborn. Agora temos um personagem mais maduro, capaz de tomar decisões dificeis. Deixou de ser o inocente sonhador e passou a ser o imperador que Luthadel precisa.

Vin tem uma mudança mais subtil, mas percebe-se que os eventos do segundo livro mostraram-lhe que ela é muito mais que uma assassina ou arma. Aliás ela revela-se fundamental como líder do grupo de Kelsier.

Sazed perdeu a sua fé, devido à morte de alguém muito querido, e vermos as mudanças na personalidade dele é de partir o coração. No entanto, parece que se tornou um personagem mais fácil de se sentir empatia por ele. Já era um favorito, mas aqui ele revela ser algo mais.

E claro que tenho de mencionar Spook. As mudanças nele são fenomenais, principalmente, se tivermos em conta que ele sempre foi um personagem secundário. No entanto, neste livro ele ganha uma relevância enorme, parecendo que Kelsier volta a viver em Spook.

Gostei imenso da abordagem aos kandra, e a forma como a sociedade deles funciona.

Mas o que realmente trabalha bem neste livro é a forma como a narrativa foi desenvolvida. Tem o número certo de descrição, acção e desenvolvimento pessoal. A nível emocional é o livro que mais puxa por nós. E, quando termina, queremos amaldiçoar o autor. É o fim certo para esta trilogia.

De referir que a Saída de Emergência fez o esquema de dividir o livro em dois, num livro cuja versão original tem 572 páginas....No entanto, o Poço da Ascenção que tem 590 páginas na versão original só tem um volume em português. Francamente, a única justificação válida que vejo é mesmo a nível financeiro para a editora conseguir ter um encaixe maior. Deplorável...

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Passatempo Príncipe das Trevas autografado

PASSATEMPO "Príncipe das Trevas" autografado por Mark Lawrence com a TOPSELLER
Podem ter uma dedicatória personalizada no primeiro livro da Guerra da Rainha Vermelha. Para quem não conhece aqui têm a crítica dele: https://palavraspoder.blogspot.com/…/principe-dos-espinhos.…
Para poderem ganhar devem:
  • - Partilhar este post em público
  • - Fazer gosto na página Palavras de Poder
  • - Nomear 2 amigos nos comentários
Podem participar as vezes que quiserem desde que nomeiem dois amigos diferentes sempre que participarem.
O passatempo está a decorrer até 14/07 até 23:59
Limitado a Portugal Continental e ilhas;
O vencedor será anunciado no dia 15 aleatoriamente.
Boa sorte!

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Príncipe das Trevas

Titulo Original:Prince of Fools
Autor:Mark Lawrence
Editora: Topseller
Sinopse: Do norte, chegam rumores.
Os mortos caminham novamente entre nós.
Será verdade?

A Rainha Vermelha está velha. Ainda assim, controla todo o poder no seu vasto império.
Jalan Kendeth, o seu neto, não tem tais preocupações. A bebida, as mulheres e uma vida longe de todas as responsabilidades mantêm-no ocupado.

Por isso fica tão surpreso quando é chamado a ouvir estas histórias da boca de escravos e prisioneiros. Porque quereria a Rainha Vermelha envolvê-lo? Quando Snorri, um guerreiro nórdico, conta uma história de cadáveres devolvidos à vida e do Rei Morto, Jalan só pensa nas várias formas de o utilizar para ganhar dinheiro. São fantasias, o que conta. Mitos. Histórias de encantar.

E é por isso que Jalan fica tão frustrado quando a magia o liga a Snorri. Agora vai ter de ir ao norte desfazer o feitiço. O que será que os espera?

Crítica: O Mark Lawrence está na moda! A sério! A nível internacional os livros de fantasia dele são instant bestsellers. A razão é simples, na minha opinião. Ele cria livros muito bons, com personagens complexas e intriga excelente, e está consistentemente a publicar um livro por ano desde o lançamento do Principe dos Espinhos. Para quem leu a primeira trilogia sabe também que o universo que ele criou não é propriamente um mar de rosas e que os personagens principais dele tendem a ser algo... perigosos.
Neste livro, voltamos ao mundo original da trilogia dos espinhos. Temos novos personagens sendo que o principal é o Jalan Kendeth. Qual a melhor descrição de Jalan Kendeth?

"Sou um mentiroso, um trapaceiro e um cobarde, mas nunca, nunca deixarei de ser leal a um amigo. A não ser, claro, que essa lealdade exija honestidade, jogo limpo ou coragem."  - Retirado do primeiro parágrafo do livro.

Como se pode ver, Mark Lawrence voltou a criar um personagem que não segue as linhas comuns da fantasia. Somos confrontados com o ponto de vista de alguém medroso, mentiroso e um procrastinador de nível excepcional. O que é algo refrescante para alguém que lê fantasia e tem visto sempre o herói estereotipado.

Através de uma série de eventos Jal fica ligado a Snorri, um guerreiro nórdico que é um escravo gladiador. Isto cria uma dinâmica muito engraçada, porque Snorri tem todo um sentido de honra e compromisso que Jal não tem. E precisam, obrigatoriamente, um do outro até chegarem ao Norte!

Neste livro temos menções a Jorg e ao Rei Morto, sendo que ambos são uma ameaça ao plano da Rainha Vermelha, avó de Jalan. Mas aquilo que o livro tem de melhor é a dinâmica entre Snorri e Jal, dando um novo rumo cómico ao mundo negro do Império Quebrado.

A nível de leitor, sentimo-nos muito menos culpados por gostar de Jal do que de Jorg. Com Jal, temos a noção de que ele é mimado e cobarde, mas nunca tem prazer em matar pessoas. Ou seja, a nossa bussola moral não entra em choque com a narrativa do livro. A acção do livro também é mais acelerada e mais orientada para a intriga do que para o desenvolvimento do mundo e personagens.

Como livro é um ótimo livro de fantasia, desenhado para todos os gostos. Não tem o impacto que o Príncipe dos Espinhos teve, devido aos seus personagens e ao tipo de acção. Recomendo vivamente para se ler este Verão. É um livro divertido e cheio de acção, que não obriga a ter lido a trilogia dos Espinhos.

TOPSELLER continuem a fazer o excelente trabalho que têm feito com os livros de fantasia!


segunda-feira, 25 de junho de 2018

O Poço da Ascensão

Titulo Original:Well of Ascension
Autor:Brandon Sanderson
Editora: Saída de Emergência
Sinopse:Alcançaram o impossível: o mal que governara o mundo pela força do terror foi derrotado. Mas alguns dos heróis que lideraram esse triunfo não sobreviveram, e eis que surge uma nova tarefa de proporções igualmente gigantescas: reconstruir um novo mundo. Vin é agora a mais talentosa na arte e técnica da Alomância e decide reunir forças com os outros membros do bando de Kelsier para ascender das ruínas de um passado vil.
Venerada ou perseguida, Vin sente-se desconfortável com o peso que carrega sobre os ombros. A cidade de Luthadel não se governa sozinha, e Vin e os outros membros do bando de Kelsier aprendem estratégia e diplomacia política enquanto lidam com invasões iminentes à cidade.
Enquanto o cerco a Luthadel se torna cada vez mais apertado, uma lenda antiga parece oferecer um brilho de esperança: o Poço da Ascensão. Mas mesmo que exista, ninguém sabe onde se encontra nem o poder que contém… Resta a Vin e aos seus amigos agarrar esta fonte de esperança e conseguir garantir o seu futuro e futuro de Luthadel, cumprindo os seus sonhos e os sonhos de Kelsier.
 
Crítica: Adoro a escrita de Brandon Sanderson. É uma leitura fácil e descontraída, com personagens realistas e cheias de profundidade emocional,  e o enredo é sempre algo interessante, com um equilibrio entre o simples e o complicado que me mantém preso às páginas do livro desde o ínicio. Mas aquilo que me prende aos livros dele é sem dúvida os sistemas de magia que ele desenvolve. São completamente diferentes de livro para livro, no entanto, são fascinantes. Principalmente, quando usados por personagens diferentes, em que conseguimos ver as nuances de utilização de cada um deles.

O sistema de magia usado nesta trilogia é a Alomancia, em que consiste engolir pedaços de metal e "queimá-los" para obterem poderes fascinantes. As personagens podem ter a capacidade de queimar apenas um metal, ou queimar todos, sendo chamados de Nascidos das Brumas ou Mistborn(eu teria mantido o nome original). 

No final do primeiro livro, houve a queda do império que era governado por alguém que todos consideravam ser um Deus. Agora Elend e Vin têm a missão de manter a cidade a salvo de todos os que a ameaçam. A premissa é simples, mas foca-se num ponto extremamente importante, a nível político. O que acontece quando se derruba um sistema governamental? A resposta que nos é dada aqui é caos. A partir do momento em que deixaram de ser governados por "Deus", todos os nobres que conseguiram reunir poder tentaram autoentitular-se de reis, dando inicio a uma guerra civil.

Elend aqui revela-se como um pobre governante, que não consegue colocar em marcha a sua visão para a sua república, ficando ao cargo de Vin e dos outros de tentar proteger a cidade dos exércitos que se aproximam. O facto de Elend ser este tipo de personagem não é de surpreender, visto que ele era um sonhador e jovem rebelde, mas que nunca teve responsabilidade nas mãos. Assim que o império cai, ele fica o chefe da cidade, e isto torna-se complicado.
Vin neste livro volta a tomar um papel de espia/assassina para proteger os seus amigos, sendo a protagonista a nível de acção. A personagem parece ser mais poderosa que qualquer um dos outros Mistborns, apesar de se ter apercebido relativamente tarde dos seus poderes. A explicação é que ela tem talento inato e que adora usar os seus poderes.

Aquilo que mais me agradou neste livro é toda a tensão política em volta dos nossos personagens. Consegue-se perceber que eles não tinham um plano no caso de serem bem-sucedidos. O foco dado à religião em todos os livros também é algo fascinante, visto que o autor demonstra um ponto que se se retirar a religião à população, retira-se algo essencial na sua motivação.

Não conheço ninguém que não tenha gostado de Mistborn, e como tal é o livro que recomendo a todos os que querem ler um livro de fantasia pela primeira vez.

sábado, 23 de junho de 2018

Imperador dos Espinhos

Titulo Original:Emperor of Thorns
Autor:Mark Lawrence
Editora: Topseller
Sinopse:Um rei em busca da vingança
Com apenas vinte anos de idade, o príncipe tornou-se o Rei Jorg Ancrath, rei de sete nações, conhecido em todo o Império. Mas os planos de vingança que tem para o seu pai ainda não estão completos. Jorg tem de conseguir o impossível: tornar-se imperador.

Um império sem imperador há cem anos
Esta é uma batalha desconhecida para o jovem rei, habituado a conquistar tudo pela espada. De quatro em quatro anos, os governantes dos cem reinos fragmentados do Império Arruinado reúnem-se na capital, Vyene, para o Congresso, um período de tréguas durante o qual elegem um novo imperador. Mas há cem anos, desde a morte do último regente, que nenhum candidato consegue assegurar a maioria necessária.

Um adversário temível e desconhecido
Pelo caminho, o Rei Jorg vai enfrentar um adversário diferente de todos os outros, um necromante como o Império nunca viu, uma figura ainda mais odiada e temida do que ele: o Rei dos Mortos.

Crítica: A trilogia de Mark Lawrence que começou com o Principe dos Espinhos é uma série díficil de começar. Na realidade sempre que tentei explicar o conceito destes livros a outras pessoas, a reacção que obtive foi sempre igual, "E porque é que lês um livro desse género?". Sinceramente, olhando para Jorg não parece existir nada digno dentro dele, no entanto, sabemos que isso não foi sempre assim, e que os eventos que o moldaram neste tipo de pessoa destruíriam maior parte das pessoas. No caso de Jorg, ele é consumido por vingança contra o mundo, mas principalmente contra o tio e o pai. A razão porque eu continuei a ler este livro mesmo com todo o homícidio, tortura e violação é bastante simples. Este é dos poucos autores de fantasia que nos consegue mostrar como a dor transforma as pessoas, e consegue escrever algo negro e real, prendendo-nos ás páginas do livro. Creio que quando se começa a ler a série nos apercebemos de algo muito claramente, ou estamos perante a história de alguém tão terrível e odiável que mesmo assim é alvo de salvação ou estamos perante a história de como alguém assim, mas com carisma, consegue convencer pessoas a acreditar nele e a segui-lo. Também existe outra hipótese em que estamos perante a história de alguém a ser consumido totalmente pela vingança e escuridão. E acabamos por descobrir que são todos estes elementos, de uma forma muito bem feita.

No que toca ao Emperador dos Espinhos, é  a conclusão perfeita da trilogia. Neste caso, temos um Jorg diferente que tínhamos no primeiro livro. Aqui ele é rei de vários reinos, tem uma mulher e um filho a caminho. Todo um conjunto de responsabilidades que ele não tinha até então. No entanto, a sede de vingança contra o pai ainda está presente. Portanto, somos colocados face a face com aquilo que parece ser a razão de ser da série. Será Jorg o novo imperador ou irá a sede de vingança destruir tudo o que construiu?

A nível de enredo a história volta a ter duas linhas temporais diferentes. A primeira será a actual em que Jorg se prepara para se tornar imperador. Neste caso, aquilo que acontece é que de 4 em 4 anos, os 100 (governantes de todo o império) reúnem-se para seleccionar quem será o imperador. Até agora ninguém conseguiu ser o imperador. Agora Jorg vê-se confrontado com ter que ser eleito e não poder tomar o poder pela força (algo que sempre advogou desde o ínicio).

Claro que temos de ter em mente que ninguém gosta de Jorg e alguns são aterrorizados por ele. O autor deixa-nos com isso fresco na memória pela inclusão da narração pela parte de Chella, em que nos é demonstrado em que mesmo a necromante tem medo de Jorg. No entanto, há alguém que mete mais medo a todos os envolvidos. O Rei dos Mortos. Uma personagem sobre a qual só tínhamos ouvido sussuros até agora.

Na outra linha temporal, continuamos no passado. Aqui Jorg é ajudado pelos construtores antigos, aprendendo a funcionar com alguns aparelhos e aprendendo acerca daquilo que eles fizeram. Esta é a forma como Mark apresenta o mundo que construiu ao leitor, dando-nos uma melhor perspectiva do que aquela que tínhamos até agora.

Como disse no ínicio, não consigo visualizar um final mais perfeito para esta trilogia que este livro.
 

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Jardins da Lua

Titulo Original:Gardens of the Moon
Autor:Steven Erikson
Editora: Saída de Emergência

Sinopse:O PRIMEIRO VOLUME DE UMA OBRA-PRIMA QUE REVOLUCIONOU A FANTASIA ÉPICA Quebrado pela guerra, o vasto império Malazano ferve de descontentamento. Os Queimadores de Pontes do Sargento Whiskeyjack e Tattersail, a feiticeira sobrevivente, nada mais desejam do que chorar os mortos do cerco de Pale. Mas Darujhistan, a última das Cidades Livres, ainda resiste perante a ambição sem limites da Imperatriz Laseen. Todavia, parece que o Império não está sozinho neste grande jogo.

Sinistras forças das trevas estão a ser reunidas à medida que os próprios deuses se preparam para entrar na contenda… Concebido e escrito a uma escala panorâmica, Jardins da Lua é uma fantasia épica da mais elevada qualidade, uma aventura cativante da autoria de uma excecional nova voz. Verdadeiramente épico, Erikson não tem igual quando o assunto é ação e imaginação, e junta-se à classe de Tolkien e Stephen Donaldson na sua visão mítica.

Crítica: Ok... Isto é o primeiro livro de uma série de dez livros que parece ser unanimemente aclamado como uma das melhores séries de fantasia épica que existe. Equiparado a Tolkien e G.R.R Martin. Pois...
Enquanto estava a ler este livro (algo que demorou cerca de três meses...Algo estranho em mim), sempre que alguém me perguntava que tal é o livro?A minha resposta era algo semelhante a " Imagina que estás a ler a Guerra dos tronos, mas sob o ponto de vista de soldados que não fazem a mínima ideia daquilo que está a acontecer".  Mantenho essa opinião. Este livro não é ideal para alguém que se está a iniciar em literatura fantástica. Há coisas mais simples de se ler que irá dar muito prazer quando se termina.

Agora, a realidade é que não houve nenhum livro que me tenha deixado tão satisfeito com a leitura, logo após eu o terminar. Tirando este. Os Jardins da Lua estão noutro patamar a nível de literatura fantástica. É uma obra de arte que só se começa a compreender quando chega ao fim. E isso, por si só, já dá muito gosto em ler.

A história do império Malazano é uma de guerra no continente Genabackis. O leitor entra na guerra num cerco à cidade de Pale, onde estranhas forças resistem à força do império. Aí somos introduzidos a um grupo de personagens designadas por Queimadores-de-Pontes, que estão metidos entre a espada e a parede. No meio de muita confusão, magia e traição estes personagens são encarregues de uma missão vital para a expansão do império.

O livro está constantemente a introduzir novas personagens, raças e tipos de magia tornando a leitura uma verdadeira aventura. Deuses que se metem em assuntos dos comuns mortais, raças que vivem milénios. Isto é um livro que nos deixa tontos, e a única forma que temos para o ler é sempre seguido. Garanto que quem chega ao fim é recompensado. Imaginem que estão a escalar o Evereste. Os próximos livros são mais fáceis.

Quem já leu?


Passatempo "O Núcleo" - livro autografado pelo autor!

Aqui está uma grande surpresa que tem sido preparada em parceria com o blogue Uma Biblioteca em Construção. Juntos estamos a sortear um exemplar especial do livro O Núcleo. É que este livro, o último da saga "Ciclo dos Demónios", está autografado pelo autor, Peter V. Brett.







Para se habilitarem a ganhar este livro, apenas precisam de:



- Responder a todos os campos do questionário;

- Partilhar o link do passatempo

- Fazer gosto na página de Facebook do blogue Uma Biblioteca em Construção;

- Fazer gosto na página de Facebook do blogue Palavras de Poder;

- Só participar uma vez (caso tal não se confirme a participação será anulada);

- O passatempo termina no dia 25 de Junho às 23h59. Não serão aceites participações após essa data.



Agora é só participar!




Notas:

- Este passatempo é realizado em parceria com o blogue Uma Biblioteca em Construção;

- O vencedor será escolhido aleatoriamente entre as participações válidas através do site random.org;

- Como participação válida entende-se: existir apenas uma por participante com todos os dados do questionário respondidos correctamente;

- O vencedor será contactado por e-mail e anunciado no blogue;

- Este passatempo é válido para Portugal continental e ilhas;

- O blogue não se responsabiliza pelo possível extravio do livro nos correios.

domingo, 17 de junho de 2018

O Núcleo

Titulo Original:The Core
Autor:Peter V Brett
Editora: Edições Asa 1001 Mundos

Sinopse: Demónios sedentos de sangue rondam a noite.
A raça humana está reduzida a uma resistência dispersa e dependente de magias antiquadas.
De entre os resistentes, surgem dois heróis. Tão próximos como irmãos, e, no entanto, divididos por uma amarga traição.
Arlen Bales, o Homem Pintado, está coberto de tatuagens de poderosos símbolos mágicos que lhe permitem combater - e vencer - os demónios.

Ahmann Jardir, possuidor de armas mágicas, autoproclamou-se o Libertador, uma figura que as profecias dizem ser capaz de unir a humanidade e conduzi-la ao triunfo na Sharak Ka - a derradeira guerra contra os demónios. Mas, nos seus esforços para derrotar os demónios, Arlen e Jardir desencadearam uma força que poderá pôr fim a tudo: um Enxame. A guerra está à porta, e a única esperança da humanidade reside em Arlen e Jardir. Com a ajuda de Renna, mulher de Arlen, tentam subjugar um príncipe dos demónios, obrigando-o a indicar-lhes o caminho até ao Núcleo, onde a Mãe dos Demónios está a formar um exército invencível.

Enquanto os leais Leesha, Inevera, Ragen, e Elissa guiam o turbulento povo das Cidades Livres na batalha contra o Enxame, Arlen, Renna e Jardir lançam-se numa perseguição desesperada nas profundezas mais escuras do mal - de onde nenhum deles espera regressar com vida…

Com O Núcleo, chega ao fim o épico Ciclo da Noite dos Demónios, uma das mais aclamadas sagas de fantasia dos nossos tempos…



Crítica: Este é o último livro da saga! É verdade! A viagem foi maravilhosa, da minha parte posso dizer que esta colecção prendeu-me totalmente e só me largou no fim. Só para perceberem foram 3 exemplares d' O Homem Pintado, 1 de Lança do Deserto, 1 em inglês e outro em português dos 3 livros seguintes! Portanto foi uma viagem de 10 livros para uma colecção de 5. A chancela 1001 Mundos trouxe magia e nuclitas para Portugal e fico mesmo muito feliz por isso, porque esta colecção é algo que nos puxa e nos prende, tem momentos baixos (morte da mãe do Arlen, traição de Jardir, as violações, a morte daquela personagem querida) e tem momentos altos (Arlen a lutar contra nuclitas, Leesha a tornar-se na líder que nasceu para ser, Rojer a ultrapassar os seus medos, e muito mais...) e é sem dúvida uma série que apesar de ser de fantasia consegue ser real, sólida e profunda.
Este último livro não desilude nada! Foi completamente de encontro ás minhas expectativas. Não vou entrar em muitos pormenores para não fazer spoilers, mas vou dar uma opinião franca.
Aquilo que mais se sobressai no livro é o desespero! O desespero em chegar ao Núcleo, o desespero de lutar para se salvarem e aquele desespero omisso que isto é o tudo ou nada no mundo inteiro. E a forma como isto é traduzido no livro é magnífico. Vê-se de forma clara o sentimento de todas as personagens a mudar ao longo do livro. Leesha e Inevera assumem um papel extremamente importante neste livro, algo que vinha a ser preparado durante toda a série, mas neste culminar é onde estas personagens brilham. São as líderes que Jardir e Arlen não poderiam ser nem conseguiram ser. O poder vai mudando lentamente das mãos dos Libertadores para elas, mas no final é claro que sem elas não haveria nada para Libertar.
A narrativa de Arlen e Jardir segue um passo apressado, parecendo que existe um presságio em cima deles, mas todos eles estão claramente focados, e cheios de esperança, o que equilibra de forma perfeita o sentimento desesperante que se sente nas outras narrativas.
Mais uma vez, o autor não tem medo de matar personagens, sendo algumas cenas terrivelmente emocionais.
Claro que num livro destes há sempre algumas falhas, principalmente na história de Abban, no entanto, creio que afecta muito pouco a história.
Finalmente, o livro acaba de forma a dar uma conclusão pacífica aos leitores, no entanto, abrindo a possibilidade para continuação, que já foi confirmada nos Estados Unidos. Teremos nova triologia com uma nova geração! Estou extremamente curioso para saber o que acontece. Os Maji chegaram á Lança do Deserto? O que aconteceu ao principe nuclita? O que viu Arlen para além de Thesa? Será que vamos ver o resto do mundo?

Devemos ter uma espera de três anos cá em Portugal para termos respostas, mas creio que irá valer a pena.

sábado, 16 de junho de 2018

O Trono dos Crânios

Titulo Original:Skull Throne
Autor:Peter V Brett
Editora: Edições Asa 1001 Mundos

Sinopse:Construído com crânios de generais caídos e de príncipes demónios, é um lugar de honra e de magia antiga e poderosa, que mantém afastados os demónios nuclitas. Do alto do trono, Ahmann Jardir estava destinado a conquistar o mundo conhecido, reunindo os seus povos isolados num exército unificado capaz de pôr fim à guerra com os demónios de uma vez por todas.
Mas Arlen Bales, o Homem Pintado, foi contra este destino, desafiando Jardir para um duelo que ele não podia recusar. Em vez de arriscar a derrota, Arlen lançou ambos de um precipício, deixando o mundo sem um salvador, e dando origem a uma luta pela sucessão que ameaça destruir as Cidades Livres de Thesa.
No Sul, Inevera, a primeira mulher de Jardir, tem de arranjar forma de impedir que os filhos se matem e mergulhem o povo numa guerra civil, enquanto se esforçam por atingir glória suficiente que lhes permita reclamar o trono.
No Norte, Leesha Papel e Rojer tentam forjar uma aliança entre os ducados de Angiers e Miln contra os Krasianos antes que seja demasiado tarde.


Crítica: No dia que este livro saiu nos Estados Unidos, eu comprei a versão Kindle dele para poder lê-lo o mais rapidamente possível! Lembram-se do final da Guerra Diurna? Pois...eu também! E não podia esperar para saber o desfecho daquele confronto. Nesse ponto o Peter V. Brett foi muito porreiro, no sentido que sabemos imediatamente o que se passou. Portanto agora somos confrontados com um desfecho para o duelo entre Jardir e Arlen, que decidem embarcar numa missão com probabilidades impossíveis (já disse mais do que devia).
Agora é a parte que vos digo que fiquei desiludido a primeira vez que li este livro- Porquê? Bem, eu sou um tipo de leitor muito orientado para a acção, e mesmo esta tem de ser a da narrativa principal. Tudo o que fuja àquilo que eu considero acção principal, é mais aborrecido para mim. Neste caso, o livro começa com Jardir e Arlen, mas depois são muito pouco abordados, o que numa primeira leitura me deixou um pouco desiludido.No entanto, numa segunda leitura, achei o livro muito mais interessante, principalmente porque já sabia o que se passava na narrativa principal e já não tinha expectativas.
A minha sincera opinião é que este livro é o melhor do Peter V. Brett, mesmo contando com o último. A razão pela qual vos digo isto é que assim que se ultrapasse o facto da narrativa principal não se desenvolve muito, este é o único livro em que a construção do mundo tem um cuidado mais aprofundado, assim como as personagens secundárias ganham uma relevância que ainda nao tinha sido explorada pelo autor, deixando-nos um livro rico em detalhes que nos escaparam nos outros livros.
A nível de história achei incrível o efeito que o desaparecimento de Jardir teve no povo dele. Todas as narrativas que foram desenvolvidas a partir daí são de tirar a respiração. Acho que todos esperávamos que os dois filhos mais velhos não se entendessem e surgisse daí uma oposição, mas os contornos que esse confronto toma são deliciosos.
Já com os nortenhos acho incrível a forma como a mesquinhês humana é desenvolvida, porque, na minha opinião, parece ser muito genuíno. Apesar de serem ameaçados pelos nuclitas durante a noite, e pelos krasianos durante o dia, os nortenhos conseguem ser auto-destrutivos o suficiente para tornarem a narrativa deles muito interessante.
Finalmente, este é o livro em que personagens morrem de uma forma bem mais intensa, acabando por perder algumas personagens que eram muito queridas dos leitores.
Já agora, aconselho a lerem os contos escritos pelo autor (link) visto que ganham relevância nos dois últimos livros.


sexta-feira, 20 de abril de 2018

Conversa com Mark Lawrence e Renato Carreira - Parte 2

Hoje vamos estrear uma nova área do blog, que é a parte de entrevistas com autores, tradutores e editores. Tive a oportunidade de falar com a Topseller, que me permitiu entrar em contacto com Renato Carreira, tradutor de livros como o a Trilogia dos Espinhos, do Mark Lawrence, e com o próprio Mark Lawrence. Vamos ter a entrevista dividida em duas partes. A primeira com o autor e a segunda com o tradutor.


PP: O Renato começou a sua carreira como jornalista, e até já publicou alguns livros, como é que surgiu a opção de tradução?
RC: Apesar de ter tido formação em jornalismo, nunca trabalhei realmente como jornalista. A tradução surgiu numa altura em que andava um pouco desorientado em termos profissionais, como junção de duas coisas de que sempre gostei muito: línguas e construir histórias. Mesmo que, na tradução, não seja realmente construção e sim reconstrução. É suficientemente próximo.

PP: Quando não está em contexto laboral, qual é o género de livros que o atrai mais? Costuma ler mais autores nacionais ou estrangeiros?
RC: Costumo ler mais autores estrangeiros. Talvez porque a oferta é mais numerosa e mesmo que também existam alguns autores nacionais de que gosto muito. Não tenho um género que me atraia mais. É um clichê, mas gosto de ler "um pouco de tudo". 

PP: Conhecia o livro "Principe dos Espinhos" antes de ter feito a tradução?
RC:Não conhecia.

PP: A personagem de Jorg no primeiro livro, principalmente, faz escolhas moralmente questionáveis, e alguns leitores queixaram-se de que ver o mundo por o ponto de vista de alguém tão sádico como Jorg, foi algo perturbador. Tendo a responsabilidade de traduzir os actos de Jorg para português, sentiu-se afectado de alguma forma pela personagem?
RC: Não. E o Jorg nem é assim tão mau. Já traduzi livros em que tive de ver o mundo pelos olhos de pessoas muito piores. Assassinos em série, pedófilos. A ligeira tendência do Jorg para o genocídio torna-se "simpática" por comparação. E acho que a narrativa fica mais rica quando há personagens que não são apresentadas ao leitor como sendo "boas" ou "más", permitindo a liberdade para decidirmos por nós o que achamos que são.

PP: Os livros do Mark são característicos por terem várias passagens citáveis na versão original, que acabam por perder parte do significado quando são traduzidas. Houve alguma passagem que lhe tenha dado problemas? 
RC: Quando o texto original está escrito de modo competente por um autor talentoso (como é o caso), é relativamente fluido passá-lo para português. Exige sempre a capacidade de moldarmos a narrativa para que fique o mais fiel possível à intenção do autor e de tomar decisões nos casos em que não exista uma correspondência direta de termos ou expressões, mas esse desafio é a essência do trabalho de tradutor. A dificuldade real, para mim, está na tradução de textos em que o tal talento esteja menos presente.

PP: A TopSeller comprou os direitos para a trilogia seguinte do Mark Lawrence naquele universo, o Renato será o tradutor para essa nova trilogia? 
RC: Acho que posso dizer que sim. Estou a trabalhar nela agora mesmo.
PP: Por fim, qual foi o livro que traduziu que mais lhe deu prazer? 
RC: Já passei a centena de livros traduzidos e torna-se um pouco difícil responder, até porque acho que esqueci alguns. Mas lembro-me de ter sentido especial prazer nas poucas traduções que fiz de autores que já lia antes (como Terry Pratchett ou Douglas Adams). Na fantasia, descobri durante a tradução os livros do Joe Abercrombie, que recomendo sem esforço a qualquer pessoa que aprecie o género.


PP: Obrigado Renato pelo tempo e pelo trabalho que faz com as suas traduções. Acabo sempre por ler a versão original e a versão traduzida, e é sempre bom ver que as ambas são equiparáveis!

Por fim, obrigado à Topseller por permitir este contacto!
Aos nossos leitores, espero que tenham gostado desta nova área.

Conversa com Mark Lawrence e Renato Carreira - Parte 1

Hoje vamos estrear uma nova área do blog, que é a parte de entrevistas com autores, tradutores e editores. Tive a oportunidade de falar com a Topseller, que me permitiu entrar em contacto com Renato Carreira, tradutor de livros como o a Trilogia dos Espinhos, do Mark Lawrence, e com o próprio Mark Lawrence. Vamos ter a entrevista dividida em duas partes. A primeira com o autor e a segunda com o tradutor.

PP:O Mark era investigador científico antes de ser escritor. Como é que aconteceu a mudança?
ML: Toda a gente tem hobbies. Um dos meus era escrever, algo que comecei quando tinha 31 anos. Ser escritor é fácil... escreves. Ser um autor, acabou por também ser fácil, mas tive muita sorte. Enviei um dos livros que tinha escrito a um número reduzido de agentes literários. Um deles aceitou representar-me, e pouco depois uma editora assinou comigo.

PP: Durante quanto tempo esteve o Principe dos Espinhos a cozinhar, antes de o escrever e publicar?
ML: Não cozinhou, comecei a escrever, de imediato. Demorei dois anos para escrever 90%, durante os fins-de-semana,e outro ano para o acabar. Depois, durante três anos não fiz nada com ele. Assim que o enviei aos agentes, demorou três meses para ser representado e cerca de mais três meses para ser editado. Não costuma ser tão fácil ou rápido.

PP: Depois do sucesso das suas duas primeiras trilogias, Trilogia dos Espinhos e A Guerra da Rainha Vermelha, decidiu fazer algo que muito poucos autores do género fazem e mudou de universo. O que levou a essa mudança?
ML: Aborreço-me facilmente. Gosto de mudança.

PP: Finalmente, quem são as suas maiores influências e se tiver que escolher o seu top 3 de autores de fantasia quem seriam?
ML: Não sou bom a identificar as minhas influências. Costumo apontar a autores que li cedo ou que gosto muito, mas não estou realmente consciente de alguma influencia. Possivelmente uma lista responderá  a ambas as questões. Apesar de autor "favorito" não ser uma reposta que consigo responder bem, também. Gosto de variedade e dizer que algo bom é melhor que outra é artificial quando ambas são muito boas.
JRR Tolkien
GRR Martin 
e...
tenho alguma dificulade em escolher um terceiro. Digamos Stephen King.

PP: Obrigado pelo tempo disponibilizado Mark!





Rei dos Espinhos

Titulo original: King of Thorns
Editora:TopSeller

Autor:Mark Lawrence
Sinopse:O Príncipe Jorg Ancrath jurou vingar a morte da mãe e do irmão, brutalmente assassinados quando ele tinha apenas 9 anos. Jorg cresce na ânsia de saciar o seu desejo de vingança e de poder, e, ao m de quatro anos, cumpre a promessa que fez — mata o assassino, o Conde de Renar, e toma-lhe o trono. Aos 18 anos, Jorg luta agora por manter o seu reino, e prepara-se para enfrentar o inimigo poderoso que avança em direção ao seu castelo.
Jorg sempre conquistou os seus objetivos matando, mutilando e destruindo sem hesitar, e agora não pretende vencer a batalha de forma justa, mas sim recorrendo aos mais terríveis segredos.

Será que o anti-herói mais maquiavélico de sempre vai conseguir reunir os recursos e as forças necessárias para enfrentar uma batalha que parece invencível?


Crítica: Ler os livros do Mark Lawrence é ver o mundo pelos olhos de pessoas muito diferentes daquilo que somos, e isto faz com que consigamos ter uma visão mais abrangente do mundo, na minha opinião. Relativamente ao segundo livro da trilogia, posso dizer que, na minha opinião, é o que menos me atrai. Não porque está mal escrito ou que as personagens tenham perdido o interesse, mas porque neste livro a ação é mais calma, no entanto, continua sangrenta.
O Jorg continua a ser o personagem central do livro, tendo conseguido a vingança daquilo que queria no primeiro livro. Agora, ele tem de manter o reino contra novos inimigos, quando tem um exército mais pequeno e o inimigo é adorado por todos, sendo o mais próximo de chegar a Imperador.
O livro divide-se em duas partes, presente e passado, em que vemos duas partes de Jorg diferentes. O Jorg do passado continua sedento de sangue, e parte, em procura de respostas, enquanto que, o do presente perdeu a memória do passado e, tem de lutar pela sua vida e dos seus súbditos. A sede do Jorg do presente é de poder.
Mark Lawrence consegue mostrar-nos o mundo que criou de outras formas, durante as viagens no passado. Os horrores que Jorg comete continuam a chocar, no entanto, percebe-se que as mãos que eram invisíveis no primeiro livro, começam a ser mais percetíveis. Isto dá novas dimensões à historia e deixa-nos agarrados ao livro com a expectativa daquilo que irá acontecer.
Neste volume também existe um aprofundamento maior das personagens de suporte, desde Malkin a Katherine, o que nos permite perceber melhor as suas falhas e aquilo que as dirige com ou contra Jorg.

Não posso dizer muito mais sobre este livro sem ter que me debruçar naquilo que acontece, e isso tira a magia de ler este livro. O que posso dizer é que as manipulações e traições que ocorrem neste livro são um fenómeno!

Espero que gostem!

sexta-feira, 13 de abril de 2018

O Medo Do Homem Sábio

Titulo original: The Wise Man's Fear
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: 1001 Mundos

Sinopse:Agora em O Medo do Homem Sábio, Dia Dois das Crónicas do Regicida, uma rivalidade crescente com um membro da nobreza força Kvothe a deixar a Universidade e a procurar a fortuna longe. À deriva, sem um tostão e sozinho, viaja para Vintas, onde, rapidamente, se vê enredado nas intrigas políticas da corte. Enquanto tenta cair nas boas graças de um poderoso Nobre, Kvothe descobre uma tentativa de assassínio, entra em confronto com um Arcanista rival e lidera um grupo de mercenários, nas terras selvagens, para tentar descobrir quem ou o quê está a eliminar os viajantes na estrada do Rei.
Ao mesmo tempo, Kvothe procura respostas, na tentativa de descobrir a verdade sobre os misteriosos Amyr, os Chandrian e a morte da sua família. Ao longo do caminho Kvothe é levado a julgamento pelos lendários mercenários Adem, é forçado a defender a honra dos Edema Ruh e viaja até ao reino de Fae. Lá encontra Felurian, a mulher fae a que nenhum homem consegue resistir, e a quem nenhum homem sobreviveu… até aparecer Kvothe.
Em O Medo do Homem Sábio, Kvothe dá os primeiros passos no caminho do herói e aprende o quão difícil a vida pode ser quando um homem se torna uma lenda viva.

Caso não tenham lido a crítica do primeiro livro, podem ler aqui

Crítica: Aviso que este livro foi publicado em Portugal em duas partes, e esta crítica será dos dois volumes.
No Nome do Vento toda a ação parece ser lenta, dando especial foco aos personagens e ao mundo criado por Patrick Rothfuss. No entanto, no segundo volume da coleção, o autor assume um ritmo mais rápido, creio que isto se deva que as personagens já foram construídas e já temos noção daquilo que leva Kvothe a tomar determinadas decisões.
Durante os primeiros capítulos do livro, Kvothe é forçado a deixar a Universidade levando-o a explorar terras desconhecidas e a embarcar em novas aventuras. E é aqui que o livro e o enredo se tornam muito interessantes.
Em Vintas, Kvothe precisa de se acomodar a uma nova realidade, levando-nos a aprender mais acerca do mundo em que ele está imerso. Esta parte do livro cai na rotina do primeiro livro em que existe um rival arcanista que permite que Kvothe seja o salvador e caia nas boas graças de alguém rico, que possivelmente irá auxiliá-lo a ultrapassar as dificuldades financeiras.
Uma parte que não faz sentido, para mim, é que após Kvothe ajudar o Maer a conquistar a mulher que ele desejava, este decide que Kvothe é a pessoa ideal para descobrir um bando de ladrões que está a assaltar os cobradores de impostos na estrada do Rei. As justificações dadas pelo autor para um governante achar que um músico é a pessoa ideal para encontrar ladrões não funciona para mim, porque mesmo que este se pudesse sentir ameaçado pela capacidade de Kvothe em conquistar a sua amada, havia outras alternativas que o afastavam de cena sem ser algo em que, para todos os efeitos, Kvothe não era o homem indicado.
O livro está, mais uma vez, muito bem escrito, com descrições pormenorizadas tanto de povos como de paisagens, levando-nos a um mundo rico em detalhe. Começamos a ter uma noção muito melhor daquilo que os Chandrian são e querem, assim como é que alguém poderá contactar os Amyr.
O mundo Fae é-nos descrito pela primeira vez, mostrando-nos que existe muito mais do que aquilo que nos é revelado.
Kvothe, por seu lado, mostra-nos um lado mais negro da sua personalidade quando está na floresta e quando volta a Vintas, mas mesmo assim mostra-se demasiado...fantasiado. Sinceramente, o personagem é praticamente bom em tudo o que faz, quase nunca revela falhas, e quando as tem acabam por jogar em favor dele. É um tipo de personagem que acho difícil de  relacionar.
Agradou-me muito a cultura Ademre e como a sociedade deles funcionava, numa espécie de matriarquia.
Finalmente, o livro deixa-nos cheios de pistas sobre aquilo que se segue, desde os laços familiares de Kvothe, a luta com os Chandrian e como é que Kvothe poderá contactar os Amyr. Deixa-nos com um sentimento de "fome" pelo próximo livro. Existe ainda muita coisa por revelar e parece que vamos ter de esperar muito pelo próximo livro.

Se ainda não leram a saga do Regicida, eu aconselho a esperar pelo fim da trilogia para começarem. Os livros foram feitos para se lerem um a seguir ao outro.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Guerra Diurna

Titulo Original:Daylight War
Autor:Peter V Brett
Editora: Edições Asa 1001 Mundos

Sinopse:Na noite da Lua Nova, os demónios erguem-se em força, procurando as mortes dos dois homens com potencial para se tornarem o lendário Libertador, o homem que, segundo a profecia, reunirá o que resta da humanidade num esforço derradeiro para destruir os nuclitas de uma vez por todas.
Arlen Fardos foi outrora um homem comum, mas tornou-se algo mais: o Homem Pintado, tatuado com guardas místicas tão poderosas que o colocam à altura de qualquer demónio. Arlen nega constantemente ser o Libertador, mas, quanto mais se esforça por se integrar com a gente comum, mais fervorosa se torna a crença destes. Muitos aceitariam segui-lo, mas o caminho de Arlen ameaça conduzir a um local sombrio a que apenas ele poderá deslocar-se e de onde poderá ser impossível regressar.
A única esperança de manter Arlen no mundo dos homens ou de o acompanhar reside em Renna Curtidor, uma jovem corajosa que arrisca perderse no poder da magia demoníaca.
Ahmann Jardir transformou as tribos guerreiras do deserto de Krasia num exército destruidor de demónios e proclamou-se Shar’Dama Ka, o Libertador. Tem na sua posse armas ancestrais, uma lança e uma coroa, que consubstanciam a sua pretensão e vastas extensões das terras verdes se curvam já ao seu poderio.
Mas Jardir não subiu ao poder sozinho. A sua ascensão foi programada pela sua Primeira Esposa, Inevera, uma sacerdotisa ardilosa e poderosa cuja formidável magia de ossos de demónio lhe permite vislumbrar o futuro. Os motivos de Inevera e o seu passado encontram-se envoltos em mistério e nem Jardir confia nela por completo.

Crítica: O terceiro livro desta colecção é para mim o melhor devido a vários factores, que vou tentar descrever da melhor forma possível.
Neste livro temos variados pontos de vista, com novas personagens a serem integradas, incluindo Renna e Inevera. Com a inclusão destes novos pontos de vista, ficamos a perceber que na realidade Jardir e Inevera (que até então são percebidos como antagonistas humanos principais) são na realidade o produto da sua cultura. Tudo o que fizeram e fazem vai de encontro a um objectivo final que acabará por tornar o mundo melhor. E é exactamente neste ponto que o autor faz um trabalho magnífico, em que nos demonstra dois pontos de vista completamente distintos nos nossos heróis. Tanto Arlen como Jardir têm poderes, que usam na guerra nocturna contra a legião demoníaca que ameaça destruir a Humanidade. Arlen recusa o nome de Libertador, um profeta que irá salvar a Humanidade, apesar de muitos acreditarem que ele é a resposta às preces de milhares. Jardir toma o nome de Libertador (ou Shar'Dama'Ka), forçando todos a segui-lo, porque na sua opinião só assim sera possível derrotar a legião de demónios. O autor mostra que nenhum dos caminhos é o certo ou errado, deixando essas opiniões para o leitor.
A personagem de Leesha volta a ter um papel noutro triangulo amoroso, desta vez com Renna, levando-a a tomar decisões que alteram o esquema de poder no Outeiro do Libertador/Lenhador. Gosto bastante da forma como o autor está a construir a personagem, levando-a a caminhos mais cinzentos, em que ela tem de tomar decisões que não são tão simples como, até então, ela tem tomado!
 O casamento de Rojer com as Krasianas também o muda, em que o personagem deixa de ter um papel de suporte e passa a ser muito relevante para a guerra demoníaca, sendo ainda mais fulcral para toda a história.
Com a introdução de Renna, vemos Arlen a tomar novas dimensões, deixando de ser o vigilante solitário, cuja a única função é destruir os demónios, passando a ter um papel mais preponderante na vida política, assim como volta a ser integrado no mundo humano. Renna, pelo seu lado, é uma personagem que é facil de adorar ou detestar, conforme os capítulos.
Peter V Brett tem a capacidade de criar personagens ricas, desenvolvendo-as em cada livro, fazendo com que deixem de ser bidimensionais e passem a ser pessoas! Para mim, isto enriquece muito este livro e esta coleção. A nível de ação este livro segue o mesmo caminho que os restantes, tendo um ritmo bastante natural, em que o desenvolvimento da ação e das personagens se desenvolve de forma espontânea.
O livro termina de uma forma espetacular, deixando-nos a desejar mais. Recomendo seriamente comprarem o quarto livro antes de terminarem de ler este!



O quinto e último livro, O Núcleo, estará disponivel no ínicio de Maio! Estou, juntamente, com o autor a preparar um passatempo para podermos oferecer uma cópia autografada. Para isso irei necessitar que me ajudem a partilhar e a fazer chegar este blog ao maior número de pessoas! Conto convosco!



quinta-feira, 29 de março de 2018

Kings of the Wyld


Titulo: Kings of the Wyld
Autor: Nicholas Eames
Editora: Sem acordo em Portugal
Sinopse:Clay Cooper e o seu bando foram os melhores dos melhores... O mais temível, terrível e assustador grupo de mercenários deste lado da Heartwyld.

Os seus dias de glória há muito que passaram, os mercenários afastarm-se e ficaram velhos, gordos e bêbados...ou uma combinação dos três. E eis que um dos seus companheiros surge à porta de Clay com um pedido de ajuda. A sua filha Rose está presa numa cidade rodeada dum exército inimigo de cem mil, sedentos de sangue. Resgatar Rose é o tipo de missão que apenas o mais corajoso ou o mais estúpido se iria aventurar.
É altura de juntar o bando para uma última viagem à Wyld.


Crítica: Este foi um dos meus livros preferidos nos últimos tempos. A forma como o primeiro capítulo se desenvolve é muito parecida com o restante género em que um guerreiro fica a divagar acerca da vida, guerra e confrontos violentes e nos mostra que está cansado de tudo isto, mas a partir do momento em que o seu melhor amigo surge com um pedido de ajuda tudo muda de figura. Mas o habitual fica por aqui, porque a partir do momento em que estes dois se encontram nada daquilo que ocorre é típico ou habitual num livro de fantasia.

Neste mundo os bandos de mercenários são famosos, aliás são admirados pela grande maioria da população, fazendo com que o grupo de Clay, Saga, seja conhecido por todos. Saga é considerado o melhor grupo que alguma vez existiu, que derrotou inúmeros inimigos e que ainda hoje é considerado o pináculo daquilo que um grupo mercenário deve almejar ser. Existe um claro paralelismo entre a reverência destes bandos de mercenários com as bandas de rock no nosso mundo, desde as groupies até ao comentário que hoje em dia já não se fazem bandas como antigamente.

A acção é rápida e cheia de desafios, os inimigos são múltiplos e na grande maioria das vezes mulheres. É um livro hilariante em que os inimigos assumem muitas das vezes contornos cómicos, assim como os nossos heróis. Uma das partes que considerei mais hilariante é quando o grupo para fugir de um inimigo atira um pó que trata disfunção eréctil, fazendo com que o confronto seja algo cómico e nunca visto no género.

Apesar do seu elemento cómico, o livro é no seu todo um épico carregada de acção e intriga, directo e com um balanço muito bom, tornando-o um livro excelente.

Recomendo a todos os que gostam de livros de fantasia, pois é algo refrescante no género.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Nome do Vento

Titulo original: Name of the Wind
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Gailivro / 1001 Mundos (2009)

Sinopse:Da infância como membro de uma família unida de nómadas Edema Ruh até à provação dos primeiros dias como aluno de magia numa universidade prestigiada, o humilde estalajadeiro Kvothe relata a história de como um rapaz desfavorecido pelo destino se torna um herói, um bardo, um mago e uma lenda. O primeiro romance de Rothfuss lança uma trilogia relatando não apenas a história da Humanidade, mas também a história de um mundo ameaçado por um mal cuja existência nega de forma desesperada. O autor explora o desenvolvimento de uma personalidade enquanto examina a relação entre a lenda e a sua verdade, a verdade que reside no coração das histórias. Contada de forma elegante e enriquecida com vislumbres de histórias futuras, esta "autobiografia" de um herói rica em detalhes é altamente recomendada para bibliotecas de qualquer tamanho.

Crítica: Existem livros que são fáceis de se gostar de ler, seja porque foram bem escritos, porque têm uma boa acção ou até porque conseguimos rever-nos nas personagens. Neste caso, o Nome do Vento é uma combinação destes 3 factores. Acho que é fácil de ler, ao mesmo tempo que nos deixa imersos no seu mundo. A história é contada de forma autobiográfica, por alguém que é famoso por contar histórias e cantar aventuras.

Kvothe é o personagem principal, apesar de nos ser introduzido como Kothe, um estalajadeiro. A vida desta personagem é a história principal, que terminará com a morte de um rei (Kingkiller chronicles). A forma como o autor constrói as personagens é rica em detalhes, os heróis são fáceis de se gostar e os vilões são fáceis de odiar. Não quero dizer com isto que as personagens não são bem descritas, muito pelo contrário, são cheios de personalidade e com características específicas para cada um.

O universo desta triologia é-nos dado a conhecer de forma simples, o que é considerado uma vantagem, visto que na grande maioria das obras de fantasia, somos atirados para um mundo em que existem poucas explicações acerca de como funcionam a magia, o poder político e o próprio universo. Neste caso, o autor deixa-nos confortável em que apreendemos, facilmente, o que se passa em volta do personagem e como cada sistema de magia funciona, como está o poder dividido, etc..

Muito francamente acho que pode ser comparado à saga de Harry Potter, mas de uma forma mais adulta. O personagem principal perde os pais num ataque que é feito porque o vilão se sente ameaçado, após a morte dos pais, o personagem vive em pobreza e só através de um chamamento para uma escola de magia, é que ele consegue ser retirado de uma situação horrível e aprender a viver para todo o seu potencial. Os vilões são divididos em duas categorias, os do dia-a-dia, neste caso na escola e os do grande plano da história, ou seja quem matou os pais do personagem principal, que ficam como papel de fundo na grande maioria do livro.

 Aquilo que me fez adorar o livro é o facto de que está mesmo muito bem escrito. A acção está no ritmo certo, o enredo é cheio de reviravoltas, as histórias de amor são épicas e o sistema de magia é envolvente e fácil de se perceber. Gostei muito da presença de música neste livro, e aquilo que ela representa na vida de Kvothe e gosto da forma como ele é um herói, sem dúvidas nem perde o rumo face ao seu objectivo final. O dinheiro assume uma importância gigantesca neste história, em que estamos sempre conscientes quanto dinheiro está com o personagem principal, sempre. Acho que é mais facil saber quanto dinheiro Kvothe tem do que quanto dinheiro temos nós na nossa carteira neste preciso momento.

Mas existem coisas que fazem com que este livro não me encante. Não existe ambivalência nas personagens, isto é, os personagens são bons ou maus, não existe, propriamente, meio-termo, o que demonstra o quão irreais estas personagens são. Não existe conflitos morais na personagem porque se ele é parte dos heróis, vai sempre fazer a coisa certa, mesmo quando significa sacrificar-se e o vilão vai sempre fazer a coisa errada para poder obter poder ou por outro motivo egoísta. Isto pode dever-se ao facto de quem está a contar a história ser a personagem principal e, como tal, tentar mostrar que ele e os amigos são moralmente irrepreensíveis.

Recomendo este livro a quem esteja em busca de um épico para ler, algo que depois de se ler te deixa sentir bem. Acho que é um livro muito bom e muito bem escrito e que a grande maioria das pessoas irá adorar.




terça-feira, 20 de março de 2018

Lança do Deserto



Titulo original: The Desert Spear
Autor: Peter V. Brett
Editora: Edições Asa/ Gailivro
Sinopse: O Sol põe-se sobre a Humanidade. A noite pertence agora a demónios vorazes que se materializam com a escuridão e que caçam, sem tréguas, uma população quase extinta, forçada a acobardar-se atrás da segurança de guardas de poder semi-esquecidas. Mas estas guardas apenas servem para manter os demónios à distância e as lendas falam de um Libertador; um general, alguns chamar-lhe-iam profeta, que em tempos uniu a Humanidade e derrotou os demónios. No entanto esses tempos, se alguma vez existiram, pertencem a um passado distante. Os demónios estão de volta e o Libertador é apenas um mito… Ou será que não?

Critica: O primeiro livro de Peter V. Brett (Homem Pintado) apresenta-nos o ponto de vista de três personagens diferentes, na sua luta contra a praga que assola a humanidade, os demónios que surgem durante a noite e desaparecem com a luz do Sol. O mundo criado pelo autor não é fácil, fazendo com que pessoas se tornem ainda mais frias e em que a compaixão é algo raro. Nesta sequela Peter V. Brett mostra que existe locais em que a vida consegue ser ainda mais difícil e dá-nos um novo ponto de vista de uma personagem que aprendemos a detestar no primeiro livro, Ahmann Jardir.
Ahmann Jardir é-nos apresentado como uma pessoa, sem escrúpulos, que no momento em que pode deitar mão a uma arma que lhe permite ascender ao topo da sua sociedade, não pensa duas vezes e trai o seu amigo para o conseguir. No entanto, na Lança do Deserto, o autor mostra-nos um lado mais humano desta personagem, pegando na sua história desde muito novo até a sua vida adulta.

Krasia, o local de nascimento de Jardir, é um local duro, em que a sociedade oprime mulheres e comerciantes, dando primazia à sua classe guerreira e homens de fé. Numa tentativa, muito bem conseguida, de comparação com uma sociedade muçulmana, vemos como Jardir é vítima das suas circunstancias, e que o homem que conhecemos em Homem Pintado é apenas uma face de alguém com muito mais profundidade.

Peter V. Brett abordou no primeiro livro o tema da violação, e aqui volta a abordar, nesta vez um acto de pedofilia. Mais uma vez, a vítima consegue ultrapassar este trauma e torna-se mais forte, apesar disso. Este tipo de escrita em que se aborda questões complexas tais como violação, diferenças sociais e religiosas é algo que caracteriza esta coleção, e é sempre feita de forma a não ferir suscetibilidades. 

Os personagens originais continuam presentes, em várias contextos que permite mostrar um Arlen, pós-transformação, mais humano e que se esforça para se reintegrar na sociedade. As interações de Arlen com Rojer são deliciosas e demonstram como a alegria do Jogral consegue ser contagiante.

Somos mais uma vez postos frente-a-frente com o ego humano, principalmente naqueles que têm poder. Mesmo ameaçados por forças externas, com capacidade de destruírem toda a população, os chefes da sociedade continuam mais interessados em manter o status quo, e ganhar influência sobre os outros líderes, com muito pouca consideração sobre a população sob a sua responsabilidade.


terça-feira, 13 de março de 2018

Príncipe dos Espinhos

Titulo original: Prince of Thorns
Autor: Mark Lawrence
Editora: TopSeller
Sinopse:Finalista do prémio Goodreads para Melhor Livro Fantástico Com apenas 9 anos, numa emboscada planeada pelo inimigo para erradicar a descendência real, o príncipe Jorg Ancrath é atirado para dentro de um espinheiro, onde fica preso, com espinhos cravados na sua carne, a ver, impotente, a mãe e o irmão mais novo a serem brutalmente assassinados.
De alma destruída, sedento de sangue e de vingança, Jorg foge da sua vida luxuosa e junta-se a um bando de criminosos e mercenários, a quem passa a chamar de irmãos. Na sua mente há apenas um pensamento, matar o Conde de Renar, o responsável pelas mortes da mãe e do irmão, pelas suas cicatrizes e pela sua alma vazia.
Ao longo de quatro anos, Jorg cresce no seio de batalhas sangrentas, amadurece em guerras impiedosas, torna-se um guerreiro cruel e vai ganhando o respeito dos seus irmãos até que se torna o seu líder. Agora, um reencontro vai levá-lo de volta ao castelo onde cresceu e ao pai que abandonou. O que vai encontrar não é o mesmo sítio idílico de que se lembra, mas o príncipe que agora retorna também não é mais a inocente criança de outrora, é o Príncipe dos Espinhos.
Finalista do prémio Goodreads para Melhor Livro Fantástico e considerado por Peter V. Brett, autor bestseller do New York Times, como a melhor leitura dos últimos anos.

Crítica: Quando li pela primeira vez este livro, estava em busca de algo diferente. Os livros de fantasia começavam a parecerem-se todos uns com os outros, fazendo com que o enredo fosse fácil de perceber a grande maioria das vezes. Alguém me recomendou um novo "ramo" da fantasia chamado o GrimDark Fantasy, e fiquei completamente agarrado.
Isto não é um conto de fantasia como os outros, e é algo que faz o leitor questionar durante muito tempo as escolhas da personagem principal. 
O cenário é uma Europa pós-apocalíptica, que foi levada de volta à Era das Trevas com alguns resquícios da época moderna. Esta Europa está dividida em vários reinos, todos em constante guerra para poderem chegar a Imperador.
O personagem principal é Jorg, e é-nos apresentado com 13 anos, apesar de não aparentar isso. Não é um herói, é alguém determinado a conseguir aquilo que quer, independentemente de tudo. Está disposto a matar, roubar e violar, sem qualquer tipo de remorso para conseguir aquilo que quer.
O príncipe dos espinhos dá-nos a oportunidade de ver na primeira pessoa aquilo que alguém sem misericórdia está disposto a fazer para atingir os seus objectivos.
Admito que o primeiro capítulo foi o mais complicado de "engolir", mas a partir do momento em que nos apercebemos que não estamos a ver o mundo pelos olhos de alguém que é "bom", toda a leitura passa a ser muito mais fluida. Não acho que seja possível parar de ler este livro sem se chegar ao final.
O livro está carregado de ação, intriga, traição e crimes horrendos. As personagens são muito bem desenvolvidas, com personalidades que enchem as páginas dos livros e em que todos podem ser aliados ou inimigos a determinada altura do livro.

Recomendação: Recomendo o livro a quem não gosta de fantasia. Aos que gostam de fantasia, este é um livro muito diferente daquilo que estamos habituados neste universo, acredito que não seja a escolha para muitos, mas é um livro muito bom, dentro de uma trilogia muito boa.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Saga Mistborn - Nascido das Brumas "O Império Final"

Titulo original: Mistborn : The Final Empire
Autor: Brandon Sanderson
Editora:Saída de Emergência, junho de 2014
Sinopse: Num mundo onde as cinzas caem do céu e as brumas dominam a noite, o povo dos Skaa vive escravizado e na absoluta miséria. Durante mais de mil anos, o Senhor Soberano governou com um poder divino inquestionável e pela força do terror. Mas quando a esperança parecia perdida, um sobrevivente de nome Kelsier escapa do mais terrível cativeiro graças à estranha magia dos metais - a Alomancia - que o transforma num "nascido nas brumas", alguém capaz de invocar o poder de todos os metais. Kelsier foi outrora um famoso ladrão e um líder carismático no submundo. A experiência agonizante que atravessou tornou-o obcecado em derrubar o Senhor Soberano com um plano audacioso. Após reunir um grupo de elite, é então que descobre Vin, uma órfã skaa com talento para a magia dos metais e que vive nas ruas. Perante os incríveis poderes latentes de Vin, Kelsier começa a acreditar que talvez consiga cumprir os seus sonhos de transformar para sempre o Império Final…

Crítica: O Brandon Sanderson é sem dúvida um dos melhores escritores de fantasia que tive o prazer de ler. A sua capacidade de fazer um enredo forte com reviravoltas inesperadas e guiar o leitor num caminho que este pensa que é familiar, para ser surpreendido é algo de magnifico que muitos aspiram e poucos conseguem fazer.

 Relativamente ao livro, tenho de abordar o mundo construido antes de qualquer outra coisa. Este mundo é um mundo escuro e sombrio, em que as cinzas cobrem o céu, fazendo com que não exista nada de verde e ou colorido. Durante a noite, as névoas saem e tornam a noite ainda mais aterradora para a grande maioria das pessoas. A sociedade deste mundo é praticamente igual, sendo que a grande maioria faz parte duma "raça" chamada Skaa subjugada pela nobreza. Tanto nobres como skaas são policiados por uma fação religiosa criada pelo Senhor Soberano, com os seus vis Inquisidores. Alguns membros destas fações têm acesso a Alomancia, um poder que permite, aquando a ingestão de metais ter habilidades extraordinárias.

A narrativa do livro é feita de forma a manter-nos colados as suas páginas, havendo momentos em que a ação abranda, mas nunca se torna desinteressante. Gosto muito do facto dos personagens deste livro serem completamente diferentes uns dos outros, cada um servindo o seu propósito. Os personagens principais têm personalidades fortes, complexas e cheias de profundidade, fazendo com que nos agarremos a eles desde o principio do livro.

Os temas que são abordados nos livros têm paralelismos claros entre o mundo real e o mundo de Mistborn, em que nos podemos ver ser postas em contraste as ideologias de  vários lados, desde variedade religiosa (ou falta dela) até diferenças sociais.

Recomendação:Sem dúvida, uma muito boa opção para quem se quer iniciar no mundo da fantasia. Quem está habituado a ler fantasia, este é um livro que é requerimento de qualquer leitor do fantástico.