quarta-feira, 28 de março de 2018

Nome do Vento

Titulo original: Name of the Wind
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Gailivro / 1001 Mundos (2009)

Sinopse:Da infância como membro de uma família unida de nómadas Edema Ruh até à provação dos primeiros dias como aluno de magia numa universidade prestigiada, o humilde estalajadeiro Kvothe relata a história de como um rapaz desfavorecido pelo destino se torna um herói, um bardo, um mago e uma lenda. O primeiro romance de Rothfuss lança uma trilogia relatando não apenas a história da Humanidade, mas também a história de um mundo ameaçado por um mal cuja existência nega de forma desesperada. O autor explora o desenvolvimento de uma personalidade enquanto examina a relação entre a lenda e a sua verdade, a verdade que reside no coração das histórias. Contada de forma elegante e enriquecida com vislumbres de histórias futuras, esta "autobiografia" de um herói rica em detalhes é altamente recomendada para bibliotecas de qualquer tamanho.

Crítica: Existem livros que são fáceis de se gostar de ler, seja porque foram bem escritos, porque têm uma boa acção ou até porque conseguimos rever-nos nas personagens. Neste caso, o Nome do Vento é uma combinação destes 3 factores. Acho que é fácil de ler, ao mesmo tempo que nos deixa imersos no seu mundo. A história é contada de forma autobiográfica, por alguém que é famoso por contar histórias e cantar aventuras.

Kvothe é o personagem principal, apesar de nos ser introduzido como Kothe, um estalajadeiro. A vida desta personagem é a história principal, que terminará com a morte de um rei (Kingkiller chronicles). A forma como o autor constrói as personagens é rica em detalhes, os heróis são fáceis de se gostar e os vilões são fáceis de odiar. Não quero dizer com isto que as personagens não são bem descritas, muito pelo contrário, são cheios de personalidade e com características específicas para cada um.

O universo desta triologia é-nos dado a conhecer de forma simples, o que é considerado uma vantagem, visto que na grande maioria das obras de fantasia, somos atirados para um mundo em que existem poucas explicações acerca de como funcionam a magia, o poder político e o próprio universo. Neste caso, o autor deixa-nos confortável em que apreendemos, facilmente, o que se passa em volta do personagem e como cada sistema de magia funciona, como está o poder dividido, etc..

Muito francamente acho que pode ser comparado à saga de Harry Potter, mas de uma forma mais adulta. O personagem principal perde os pais num ataque que é feito porque o vilão se sente ameaçado, após a morte dos pais, o personagem vive em pobreza e só através de um chamamento para uma escola de magia, é que ele consegue ser retirado de uma situação horrível e aprender a viver para todo o seu potencial. Os vilões são divididos em duas categorias, os do dia-a-dia, neste caso na escola e os do grande plano da história, ou seja quem matou os pais do personagem principal, que ficam como papel de fundo na grande maioria do livro.

 Aquilo que me fez adorar o livro é o facto de que está mesmo muito bem escrito. A acção está no ritmo certo, o enredo é cheio de reviravoltas, as histórias de amor são épicas e o sistema de magia é envolvente e fácil de se perceber. Gostei muito da presença de música neste livro, e aquilo que ela representa na vida de Kvothe e gosto da forma como ele é um herói, sem dúvidas nem perde o rumo face ao seu objectivo final. O dinheiro assume uma importância gigantesca neste história, em que estamos sempre conscientes quanto dinheiro está com o personagem principal, sempre. Acho que é mais facil saber quanto dinheiro Kvothe tem do que quanto dinheiro temos nós na nossa carteira neste preciso momento.

Mas existem coisas que fazem com que este livro não me encante. Não existe ambivalência nas personagens, isto é, os personagens são bons ou maus, não existe, propriamente, meio-termo, o que demonstra o quão irreais estas personagens são. Não existe conflitos morais na personagem porque se ele é parte dos heróis, vai sempre fazer a coisa certa, mesmo quando significa sacrificar-se e o vilão vai sempre fazer a coisa errada para poder obter poder ou por outro motivo egoísta. Isto pode dever-se ao facto de quem está a contar a história ser a personagem principal e, como tal, tentar mostrar que ele e os amigos são moralmente irrepreensíveis.

Recomendo este livro a quem esteja em busca de um épico para ler, algo que depois de se ler te deixa sentir bem. Acho que é um livro muito bom e muito bem escrito e que a grande maioria das pessoas irá adorar.




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