PP: O Renato começou a sua carreira como jornalista, e até já publicou alguns livros, como é que surgiu a opção de tradução?
RC: Apesar
de ter tido formação em jornalismo, nunca trabalhei realmente como
jornalista. A tradução surgiu numa altura em que andava um pouco
desorientado em termos profissionais, como junção de duas coisas de que
sempre gostei muito: línguas e construir histórias. Mesmo que, na
tradução, não seja realmente construção e sim reconstrução. É
suficientemente próximo.
RC: Costumo
ler mais autores estrangeiros. Talvez porque a oferta é mais numerosa e
mesmo que também existam alguns autores nacionais de que gosto muito.
Não tenho um género que me atraia mais. É um clichê, mas gosto de ler
"um pouco de tudo".
RC:Não conhecia.
RC: Não.
E o Jorg nem é assim tão mau. Já traduzi livros em que tive de ver o
mundo pelos olhos de pessoas muito piores. Assassinos em série,
pedófilos. A ligeira tendência do Jorg para o genocídio torna-se
"simpática" por comparação. E acho que a narrativa fica mais rica quando
há personagens que não são apresentadas ao leitor como sendo "boas" ou
"más", permitindo a liberdade para decidirmos por nós o que achamos que
são.
RC: Quando
o texto original está escrito de modo competente por um autor talentoso
(como é o caso), é relativamente fluido passá-lo para português. Exige
sempre a capacidade de moldarmos a narrativa para que fique o mais fiel
possível à intenção do autor e de tomar decisões nos casos em que não
exista uma correspondência direta de termos ou expressões, mas esse
desafio é a essência do trabalho de tradutor. A dificuldade real, para
mim, está na tradução de textos em que o tal talento esteja menos
presente.
RC: Acho que posso dizer que sim. Estou a trabalhar nela agora mesmo.
PP: Por fim, qual foi o livro que traduziu que mais lhe deu prazer?
RC: Já passei a centena de livros
traduzidos e torna-se um pouco difícil responder, até porque acho que
esqueci alguns. Mas lembro-me de ter sentido especial prazer nas poucas
traduções que fiz de autores que já lia antes (como Terry Pratchett ou
Douglas Adams). Na fantasia, descobri durante a tradução os livros do
Joe Abercrombie, que recomendo sem esforço a qualquer pessoa que aprecie
o género.
PP: Obrigado Renato pelo tempo e pelo trabalho que faz com as suas traduções. Acabo sempre por ler a versão original e a versão traduzida, e é sempre bom ver que as ambas são equiparáveis!
Por fim, obrigado à Topseller por permitir este contacto!
Aos nossos leitores, espero que tenham gostado desta nova área.